Mensagem de Júpiter em Câncer

Vidas Secas
Com reverência ao Mestre Graciliano Ramos,
uso o título de seu Relatório,
parte de seu riquíssimo repertório,
para lembrar onde estamos,
o que fizemos de nossas existências,
a inexpressividade de nossas vivências,
a que estado miserável chegamos.
Vidas vêm, vidas vão,
existências se fazem sem saber onde estão,
existências se exterminam,
jovens, adolescentes, se contaminam,
sem nexo, sem sexo, sem razão,
nenhum motivo aceitável para tanta degeneração!
Pai e filho, mãe e filha, irmã e irmão já não vivem em família,
cada um é uma pequena ilha,
deixando-se cair sempre na mesma armadilha
da incongruência da corrupção.
Não há o abraço que estabiliza o passo,
há apenas a falta de acesso e o descompasso,
a indiferença e o embaraço,
que são nada mais que um empurrão
para o insucesso e à falta de espaço,
num caminho sem coração,
que joga o mais fraco a ser migrante,
a perder o gozo e a graça do instante,
e a virar escravo da própria contradição.
Não há o olhar para o melhor dos filhos
que são obrigados a manterem-se nos trilhos,
às custas de seus talentos e de sua Vocação,
pela obediência às normas já putrefatas,
e pela insistência nas formas insensatas,
à acumulação e suas correlatas,
em nome do poder e da dominação.
Vidas secas, vidas sem sentido,
vidas encurtadas, povo sofrido,
crianças maltratadas, sem olhos e sem ouvidos,
sem dignidade, desde tenra idade,
destituídas da própria história,
das vivências e da memória,
da voz, da vez, da própria verdade.
Vidas amordaçadas, vidas desgraçadas,
adultos medonhos, retirantes dos próprios sonhos,
relações lamentadas, famílias despedaçadas, natureza morta,
muitas trancas numa única porta, sem saída para uma outra vida,
sem chance de rever o lance dessa jogatina pervertida
que paga pra vê a alteridade desprovida de dignidade,
num projeto de vida completamente suicida.
Autogestão é a saída, uma porta para a Regeneração,
assumir o próprio Ato, em cada gesto, em cada fato,
em cada movimento, em cada manifestação,
e tornar congruente o que se diz com o que se faz,
com o que se pensa, com o que se é capaz.
Pela Atitude da Autogestão,
vou ao encontro da Saúde, da Plenitude e da Vocação,
congruentes com minha Verdade,
proclamada pelo meu Manifesto e pela minha Vontade,
nessa Nova Trilha, caminho do Coração,
que me resgata da Ilha da insanidade
e me leva ao Continente da Integridade,
num gesto sereno e consciente de Reverência e Devoção.

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